Nós vamos invadir sua mesa


Há tempos que não se vê tanta Esperança e entusiasmo nas terras da pequena Saudépolis. As hortas e cultivos sem veneno vêm celebrando a transformação do que antes se dizia impossível.
Bem vizinha da capital daquela região, a pacata localidade, outrora reservada ao boi, ao latifúndio, ao descrédito e à sonegação, hoje vê caminhões furgões repletos de toneladas de alimentos sem veneno abastecerem as mesas das pessoas chamadas de empobrecidas, pobres, miseráveis, impotentes, descrentes, excluídas e outros adjetivos impublicáveis que a sociedade baseada no lucro vem cunhando ao passar dos séculos. Mal conhece, subestima, ou sabe e tenta negar, o quão rico e imensurável valor há em cada uma das pessoas, na mais ampla diferença e divergência.
Não se sabe ao certo como é que partiu e de quem partiu a ideia de que pessoas dessa camada das gentes da cidade também pode ter acesso a produtos sem veneno. Mas não é que a medida “pegou” e não foi provisória?
Lá pras bandas da horta dos(as) Capitani não se fala em outra conquista. Até os pulgões andam satisfeitos com a qualidade de pragas que têm à sua disposição, evitando que a única saída pra suas necessidades inadiáveis fosse acabar com aquelas couves apetitosas dando “sopa” para seu ataque certeiro. E um desavisado da cidade diria que aquela família é preguiçosa. Onde já se viu conviver o mato com a horta, o capim com o verde, a palhada com a árvore?
No terreno dos(as) Brizola, mesma coisa acontece. O verde é abundante e as leguminosas e folhosas convivem harmoniosamente, em equilíbrio, com a tentativa de ataque das pragas daninhas. Isto porque anda ocorrendo naquelas terras um intenso processo, mais ou menos desde uns dez anos atrás, de revitalização, regeneração, reequilíbrio de todo o material orgânico que ali existia e existe. Um trabalho de mãos femininas e masculinas, intergeracionais, com a melhor das assistências: a tradição dos povos latino-americanos. Não desprezada nenhuma outra assistência das instituições públicas ou privadas que lidam com outros saberes e novas tecnologias que às antigas se associam, também em sinergia.
Dito isto, não é possível deixar de relatar que a água de um aquífero imenso mantem-se preservado, inviolável. Na harmonia do uso crítico e consciente dos quatro elementos da mãe Natureza, os moranguinhos brotam, as abóboras vingam, as minhocas fertilizam e a passarada mantem-se livre na mata de araucária e outras plantas da mata atlântica, em segurança e abundância.
E o bugio da mata, que ronca feito estômago guloso, vê partir toneladas e mais toneladas de alimento saudável, agroecológico, sem um pingo de elemento químico ou mineral nocivo à planta, ambiência e à humanidade. Ora abastecem as mesas escolares, ora abastecem as mesas residenciais, ora as institucionais e empresariais. A cooperação humana demonstra seus seguros frutos, literalmente.
Realmente, uma revolução já começou. E ela escolheu o endereço certo: nossa mesa.


LUIS ALVES PEQUENO, professor, educador popular, empreendedor na economia popular solidária. Curitiba/PR
 * Reprodução permitida, desde que citada autoria
Com foto de: Acervo pessoal




Comentários

  1. Eu sempre disse: "Meu amigo, Pequeno Grande Homem!"
    O chamo assim com propriedade, seu coração, sua qualificação, sua dedicação são extravasados em suas nobres palavras.
    Deus ilumine seu caminho e que vc reflita a luz do Pai à todos que passem por ti.

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