Não é preciso ser cristão pra cuidar da “Casa Comum”
Foto: divulgação CNBB
A Campanha da
Fraternidade 2017, iniciativa da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil,
cujo tema é “Fraternidade: Biomas Brasileiros e Defesa da Vida”, desafia a
todas as pessoas, de qualquer denominação religiosa, e também os(as) não-crentes,
a pensarem e agirem sobre o lugar onde vivemos: O planeta Terra. De forma mais
específica, agir no território da Grande Curitiba, região abrangida pelo bioma
Mata Atlântica e que dialoga com os outros 5(Cerrado, Pampas, Pantanal,
Caatinga e Amazônia).
Não é preciso
ser estudioso(a), técnico(a), engenheiro(a) ou prefeito(a), para se perceber
que a natureza(incluindo nossa espécie) está dando mostras de desequilíbrio.
Vamos a alguns exemplos:
1. Insuficientes
cuidados no destino dos resíduos domésticos, por parte da população. Somos
desrespeitosos com a vida nossa e de nossos vizinhos, sem contar com as de
outros animais;
2. Ligações
clandestinas de esgotos diretas na canalização para os rios. Se não houvesse, a
cor das águas de nosso Ribeirão dos Padilhas seria transparente e poderíamos
pescar nele;
3. O
uso desenfreado do automóvel e aumento da poluição do ar. Se cada pessoa de
nossa família possuir um carro, não haverá lugar no quintal, na quadra, no
bairro, para tantos. Sem contar a individualidade e a falta de relação com o
vizinho, focando-se no meu trajeto e no “meu” problema de deslocamento;
4. O
uso desenfreado de agrotóxicos que contaminam os alimentos que buscamos no supermercado.
Se resgatássemos o hábito das hortas em nossas, nem tudo compraríamos.
Suas cerca de 150 famílias, numa
área de mais de três mil hectares, produzem hortaliças e frutas sem
veneno; não se coloca adubo químico industrial; não se elimina o mato
completamente do meio das hortaliças e, ainda, se convive com o pé de eucalipto
a cada metro do canteiro. Uma profunda e competente harmonia entre a
biodiversidade, entre organismos diferentes e que se complementam na sua tarefa
específica de viver. E de se autorregular, complementar. Sem contar o resgate
de procedimentos de nossos(as) povos latino-americanos ao lidar com a
mãe-terra. Agroecologia é o nome moderno de algo antigo.
Desta preciosa
combinação, podemos usufruir, a cada 15 dias, dos alimentos que as
agricultoras(es) trazem aqui na nossa porta, fresquinhos, na sede da Paróquia São José das Famílias(Sitio Cercado/Curitiba-PR).
E em mais duas outras localidades(Associação dos Moradores Nossa Senhora do
Pilar-Alto Boqueirão e Paróquia S. Pedro Apóstolo-Xaxim).
Silenciosamente,
pessoas do campo e da cidade estão transformando hábitos e preservando vidas. Ao
se alimentarem com produtos orgânicos ou agroecológicos, estão dizendo a si
mesmas que SE AMAM, SE PRESERVAM e PRESERVAM A VIDA.
Ótimo exemplo a
ser seguido e divulgado amplamente. Usemos o mesmo vigor com o qual espalha-se
uma fofoca, uma tragédia, convertendo-o para o que preserva e contribui com a
vida e com a justiça no campo e na cidade. As demais conquistas do saneamento,
da arborização no bairro, do uso de outros meios de transportes não poluentes
como a bicicleta, o patins, o skate, virão a se somar. Isso, se tomarmos
atitudes concretas.
Experimentemos
substituir, uma vez por semana, o alimento/ bebida artificial pelo(a) natural.
E ampliemos o gesto, gradativamente. Retiremos do recipiente onde se guarda o
açúcar branco refinado, 25% do volume e a substituamos pelo açúcar mascavo,
ampliando-se. Educaremos nosso paladar.
Gestos
pequenos fazem grandes revoluções. No bolso, na saúde e na vida. E para isso,
nem é preciso ser cristão(ã).
LUIS ALVES PEQUENO
(Educador Popular/
Empreendedor na Economia Solidária).
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