Domingo tem eleição. E muito mais que isso!


Estamos nos aproximando da reta final da corrida presidencial. Neste domingo poderemos ter em nossa história política brasileira novos contornos de mudança, com a possibilidade de eleger a primeira mulher a nos governar.
Nossa cultura hegemonicamente machista, paternalista, preconceituosa e moralista ainda nos ronda as mentes e as consciências quando se trata em escolher o mais alto cargo na hierarquia política nacional.
No entanto há a clara evidência de que esse avanço e aprendizado são imprescindíveis para o Brasil e para cada um de nós, cidadãos e cidadãs votantes e construtores de cidadania. Já estamos em patamar maior de consolidação de passos que nos asseguram que a DEMOCRACIA EM CONSTRUÇÃO, porque ela ainda não é plena, depende muito mais de nós, a população que vota e que paga impostos e que deveria realmente controlar àqueles que delegamos poder, do que o inverso.
Ao possivelmente elegermos a primeira mulher e inegável competente técnica para governar o país não só estaremos dando passos seguros em rumo à mudanças, como também nos dispondo em lutar junto com ela para modificações profundamente estruturais na forma de nossas instituições ditas democráticas. É só percebermos as manchetes da mídia sobre as trapalhadas dos juizes que estão no Supremo Tribunal Federal-STF ou qualquer outra instância de caráter decisório.
Há muito a se fazer para dar maior transparência, legitimidade, enxugamento de despesas na esfera pública: há divergências e distorções quanto ao jeito de estruturar as eleições, a disputa partidária, o voto distrital, a perda de mandato, entre outros; há confusões entre atribuições de responsabilidades como é o caso do Código Florestal Catarinense versus o Código Nacional Florestal; há incompetências jurídicas estrondosas no que diz respeito às licitações de obras que um ente privado vence, diz ao governo que vai honrar, não cumpre, deixa os empregados na mão, a obra parada e os desavisados da população descontentes com o governo e não com o patrão irresponsável que não honra contratos; entre uma longa e vasta lista de situações que exaustivamente poderíamos descrever.
A eleição presidencial de domingo próximo está marcada pelo auto nível de acusações, calúnias, desaforos, mentiras por parte dos partidos que representam a alta elite que sempre deu as cartas no país. Mesmo em tempos do governo Lula que dialoga com todos os entes. Nunca me passou pelas folhas de jornal ou pelas telas dos monitores de tv ou computador que o governo federal tenha fechado as portas para o empresariado, para os ruralistas e membros do agronegócio, lhes expulsando do Palácio do Planalto como se desprezíveis fossem. Pelo contrário, não só foram recebidos, como foram agraciados por verbas que lhes enchem os olhos. Querem um exemplo? Quem são os atores contratantes das obras dos estádios brasileiros? As grandes empresas de construção pesada. E dinheiro não faltará para esse seguimento. Estão rindo a toa.
O governo Lula desencadeou um maravilhoso processo de devolução ou reparação da dignidade do trabalhador antes relegada a segundo plano. Aos mais desfavorecidos economicamente lhes propiciou acesso a crédito, a moradia, a empregos, a agricultura familiar com seguro contra intempéries, entre tantos outros itens que comprovam uma coisa. Nesse país de extensão continental há espaço para todos. E, mesmo que discordemos, dentro do sistema capitalista. Não houve nenhuma ruptura significativa que pusesse em risco tal sistema.
Exemplo disso são as reformas agrária e urbana que, muito embora seja uma bandeira de luta antiga dos movimentos sociais do campo e cidade, não saem do papel, mesmo com todos os avanços que as políticas públicas de moradia ou de crédito para o campo estejam vigentes.
Não é de se estranhar a fúria das elites a condenar o MST(que é ícone de todos os movimentos do campo, pois existem muitos outros movimentos sociais)em receber verbas lícitas, legítimas e transparentes da esfera pública. Por acaso os entes que habitam o campo não merecem viver? Vivem em um assentamento e isso basta? Que se virem? Como é que se faz uma colheita exitosa sem ter crédito para as sementes, assistência técnica de gente competente, equipamentos modernos e de padrão competitivo com o mercado? E os deputados e senandores não dispõem de verbas e emendas orçamentárias para dedicar recursos a entidades sérias e competentes e que prestem contas ao poder público de seus recursos(que são nossos)? Também eu ficaria furioso se qualquer instituição pegasse recurso nosso, público, e não prestasse contas. Para isso é que há os órgãos de controle, de prestação de contas, e até os de repressão. Que eu tenha conhecimento os movimentos sociais tem de prestar contas de cada centavo que é retirado do caixa público e o fazem rigorosamente. Mesmo porque o Congresso Nacional tá de olho nisso e o que se verificou naquela Comissão Parlamentar de Inquérito-CPI criada no Congresso para "incriminar" o MST, nada foi constatado de irregular. E tudo seguiu como antes.
Aos meus educandos e ex-educandos recomendo a reflexão. Não podemos nos isentar do debate, da divergência, da contradição, do diálogo. Sempre em alto nível, como a boa educação nos recomenda. Partir da divergência para a violência é próprio para os brutos, os irracionais. Não nos pertence essa condição. Na política não há neutralidade. Cada ato conta um ponto. Para mais ou para menos, para pior ou para melhor. Ficar no muro querendo nele permanecer é condição medíocre, fútil, egoísta, impensada e que em nada contribuirá para a construção do novo, do belo, do diferente. E quando digo construção me refiro a pegar junto, se animar, participar da vida do bairro, do lugar, do ambiente do trabalho, da escola das crianças, da vida em sociedade. Isso é fazer o "exercício político" que tanto atribuimos ao outro, ao parlamentar, ao prefeito, governador. E é uma condição extremamente pessoal e instransferível. Eu sou a célula menor mas não menos importante da sociedade em que estou. Porque esta sociedade sou "eu também"! Votemos sem medo de ser felizes. E seremos.

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