A solidariedade a gente é que faz


No último dia 08 de novembro completou-se o prazo de estabilidade sindical a que tenho direito, após ter cumprido três mandatos sindicais, dois deles na Coordenação executiva de nosso sindicato. Acontece que minha empregadora, escola sindical que tem um profundo conhecimento de regras, de ética, de comprometimento com as transformações sociais e com os direitos dos trabalhadores negou-me o que seria ridículo: o retorno ao trabalho, alegando que o abandonei, ainda em 2002; que jamais fui eleito para qualquer cargo de direção sindical; que sou funcionário do sindicato e portanto a ele devo recorrer. Tal falácia e descabimento foi consentido e aprovado em sentença judicial a qual respeito mas discordo veemente e irretratavelmente. Já recorri, inclusive a instância superior. A judicialização do aspecto político/moral é intragável. Há um ano nosso sindicato formalizou nota pública de apoio ao trabalhador e pediu a solidariedade de quem quer que fosse para estancar parte do sofrimento em que eu e familiares fomos arrolados. Treze mil reais foram arrecadados até outubro deste ano. A conta poupança 0654-0 da agência 1873 da CEF continua a receber a contribuição de pessoas generosas que, com um grau a mais de pensamento crítico e de postura ética e responsabilidade para com seu semelhante, percebem que estamos no meio de um impasse entre instituições, que se extenderá por anos.
Felizmente, as pessoas que conhecem-me: os amigos(as); os verdadeiros companheiros(as)(no sentido original do termo) de luta; os familiares; ex-colegas de trabalho na escola, na universidade; ex-alunos; militantes nas questões de saúde do trabalhador e combate ao assédio moral; alguns dirigentes da central sindical que me rejeita o direito; alguns ex-colegas de coordenação sindical, todos eles,somados, contribuiram, ao longo de um ano, com cifra essa que é simbólica, mas que amplia o foco para algo muito maior: O DIREITO À DIGNIDADE HUMANA, que é impessoal e indelegável. Esse gesto pequeno, singelo, mas por si só profético e impagável, do ponto de vista moral, em muito me sensibiliza e estimula. O agradecimento é terno e eterno. A resistência e a busca pelo respeito à verdade dos fatos, também. Essa causa não é minha. É de uma classe que paga, até mesmo com a vida, há séculos o preço de conquistas. Não sou mártir, não sou vítima. Anseio e persigo o protagonismo, mesmo que ele seja difícil. Meus filhos merecem e entenderão meus gestos.

Comentários

Postagens mais visitadas